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fevereiro 04, 2014

Minha propriedade

Essa beldade que um dia eu rejeitei, traí e usei de forma retalhadora e absurda, agora me assombra com pensamentos sórdidos e tortuosos.
Vindos do fundo da minha consciência, em tom de autoflagelo pelos males que eu a causei.
Penso por exemplo, que ela estará em algum bar vendo qual dos homens que jogam sinuca tem mais barba e volume na calça.
Aceitando qualquer cantada barata e suja que a convidam para uma noite de esquecimento e prazer.
Esquecida do quanto a fiz rir e gemer enquanto estávamos juntos, levaria um estranho à meus lençóis.
Sujaria eles de suor e gozo.
Minha terra prometida viraria um bordel de esquina.
Os travesseiros que antes eram nosso palco de conversas alucinantes, agora abre espaço para metidas animalescas que esse filha da puta dá em minha mulher.
Ele tocaria em lugares que só eu toquei, faria ela sentir coisas que só meu corpo havia proporcionado.
E ela nem se importaria com isso, estaria tão puta comigo que adoraria apagar a minha lembrança com um homem que só tem a oferecer invasão de propriedade para todos nós.

E lá vou eu de novo, chamando ela de minha propriedade.

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